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Gilli Air | "Pura Vida"


O lugar mais bonito onde já estive. Saí da Gilli T pelas 9h da manhã. Barco público, malta jovem cansada das noites da Party Island, rumo a Gilli Air, que prometia um equilíbrio maior entre festa e descanço. Captain Coconut era o nome do meu hostel, já ouvira falar neste sítio desde Jakarta. Bom ambiente, um dormitório alternativo e uma piscina. Dar a volta à ilha a pé demorava 1h, a água transparente dava para fazer snorkeling em praticamente todo o lado.

Quando cheguei ao hostel, saliento que foi o mais caro de todos, cerca de 14 euros por noite, arrumei a minha mochila e fui ver o dormitório. Misto, cerca de 15 camas, suspensas no ar. Sim, suspensas. Cordas prendiam os 4 cantos da cama ao tecto. Havia uma ventoinha para cada cama e uma rede mosquiteira. Confesso que a primeira noite me custou um bocadinho. Ao deitar, o balanço incial da cama enjoava um pouco, mas depois acabei por me sentir como se estivesse a ser embalada no colo do Pai. E dormi como um bebé.

No primeiro dia relaxei pela piscina, comi Chicken Satay local com pedaços de galinha numa espécie de espetadas e arroz embrulhado em folha de bamboo. Atualizei o Blog porque já não tinha boa internet há uns dias e fui ver o põr do sol na praia. Ainda tive direito a presenciar a sessão fotográfica de uma das raparigas do meu hostel, a passear de cavalo pela praia com 2 locais a orientá-la. Que cenário!

Na hora de jantar, começo a caminhar pela rua principal da ilha e as opções são infinitas. Depois de dar uma olhada no menu e ouvir um "Miss, come inside" vindo lá de dentro, lá escolho o spot daquela noite. Um sofá enorme em bamboo, almofadas, música ambiente e mesmo em cima da praia. À minha frente estão 2 homens sentados em hammocks, aquelas redes que se prendem entre 2 árvores. Um é claramente local, está a cantar enquanto toca guitarra. Às vezes músicas conhecidas, outras vezes algo da Indonésia. O outro é claramente turista, diria que alemão pelo cabelo loiro e pela postura. Não, na verdade diria alemão porque são quase sempre alemães!

Desfruto do meu jantar enquanto os observo, depois de um simpático "Enjoy your meal" por parte do músico. No final, convidam-me a juntar-me a eles. Apresentamo-nos e falámos sobre os mais diversos assuntos. Desde o estilo de vida naquela ilha, às viagens que cada um já tinha feito, quais as perspectivas para a evolução do turismo por ali e respectivas vantagens e desvantagens. Juntou-se a nós o Harry, natural daquela ilha, a trabalhar no restaurante do lado 7 dias por semana desde as 6h da manhã até já não haver clientes. Salário mensal, 1 500 000 rupias. Ou seja, cerca de 110 euros por mês. Dizia-me ele que ainda ia para os copos depois do trabalho, e até me deu a provar o vinho local deles. O turismo nas Gilli é recente. Basicamente depois da invasão de turistas para Bali foi necessário começar a descobrir novos paraísos. As Gilli e Lombok são hoje o "novo Bali". Fiquei feliz por ouvir a opinião das pessoas de lá, que compreendem que transformar ou não a terra deles num "antro de turistas" só depende das pessoas dali. São apologistas da aceitação de turistas, mas sem deixar de estar atento à preservação da parte genuína da ilha e essencialmente dos ecossistemas naturais que por ali existem.

Na hora de ir embora despeço-me deles já com festa marcada para o dia seguinte, num bar ali perto. Pago a minha conta do jantar e um dos funcionários lança uma boca entre amigos que me faz regressar à insegurança de uma mulher a viajar sozinha, "See you in 2 minutes". Mas o que é que isto quer dizer?! Ainda tenho de caminhar uns 5 minutos até ao meu hostel. A rua não tem assim tanta gente apesar de passarem poucos minutos da meia noite. Caminho a passo acelerado, tentando não perder de vista um casal de turistas que passou por mim de bicicleta. E sim, chego ao hostel em segurança. Não deixo de sentir aquela leve sensação de "Uff, correu tudo bem". Para quem ainda não leu o meu post sobre "Porque comprei uma aliança para viajar sozinha?", histórias e sensações como esta fazem parte do dia-a-dia de uma mulher em viagem.

Os 2 dias que se seguiram foram passados entre muita praia, mar, comida e snorkeling. Decidi fazer uma tour específica de snorkeling para ter a oportunidade de ver as tartarugas que tanta gente falava. Foi incrível. Peixes de todas as cores, tartarugas muito maiores do que estava à espera e infelizmente, um fundo do mar já demasiado poluído por nós, humanos. Restos de plásticos, ferro e até uma bicicleta faziam parte do cenário.

Na hora do almoço na 3ª ilha, Gilli Meno, uma das raparigas do meu barco desmaiou como uma tábua no chão. Impressionou-me ver os locais a não fazerem absolutamente nada, não faziam ideia como reagir. Levantei-me da minha mesa e em conjunto com um senhor russo ou ucraniano que nada falava de inglês conseguimos arrastá-la para a sombra. Compressas e água oxigenada para limpar o queixo aberto e ensanguentado dela. Eu, apesar de 3 anos de licenciatura a abrir animais, tive de me deitar no chão com as pernocas para cima passado poucos minutos. É complicado sentirmo-nos fracos quando estamos sozinhos e sermos obrigados a confiar em pessoas que acabamos de conhecer. Ao mesmo tempo mostra-nos que há muito mais bem no mundo do que mal.

O jantar e o último dia de praia foi passado com 2 holandesas que estavam a viajar juntas e uma alemã, de 19 anos, a viajar sozinha. Pois, 19 anos! Levei-as ao restaurante do Harry, que ficou todo contente e passamos a noite a discutir o ambiente que se sentia naquela ilha. Sem dúvida muito diferente da Gilli T, a party island, mas também muito diferente de Gilli Meno, chamada a ilha dos casais por ser bastante mais calma e indicada especialmente para resorts de 5 estrelas. Gilli Air estava recheada de casais mistos, geralmente raparigas estrangeiras com rapazes locais. Além do álcool local e do lema "No Woman no cry, no mushrooms no high", a música reggae passava um feeling de "Pura Vida" bem forte.

O hino das Gilli, chamemos-lhe assim, é a música "Welcome to my Paradise". Assenta como uma luva!

Sentada num puff na areia da praia, já de noite, um smoothie de manga bem delicioso, luzes apenas das velas nas mesas e a banda a tocar "Welcome to my Paradise, welcome to Gilli Air, where the sky is blue..."

Apanho o barco das 15h30 para a ilha de Bali. Chove torrencialmente e o vento forte já leva de arrasto chapéus e toalhas de praia. Sento-me no meu lugar, roupa já molhada e cabeça pesada. O termómetro marca 38º de febre. E aqui começa a "aventura" ...

Fica com os momentos em vídeo da Gilli Air :


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