Um país inteiro em 2 dias | Singapura
- Mariana Trigo
- 25 de abr. de 2017
- 6 min de leitura

Singapura, a cidade-país que em tão poucos anos mostrou ser possível alcançar um estágio de desenvolvimento absurdo.
Um pouco da história que os locais partilharam comigo para compreender o país. Singapura pertencia anteriormente à Malásia, mais concretamente "Malaia", o nome original. Nessa altura e partindo de um ponto de vista político, estava a tornar-se complicado manter um equilíbrio entre a população malaia e os emigrantes chineses que aumentavam no país. Singapura tinha das taxas mais elevadas de população chinesa. Segundo os locais, este foi o principal motivo da separação. Singapura estava a "prejudicar" o rácio.
Assim sendo, tornou-se um país independente em 1965 e, 52 anos depois, 1 dólar de Singapura vale 3 vezes mais que 1 ringgit (moeda da Malásia). Ups!
Ainda hoje é de notar a política do governo em dar sempre prioridade aos naturais do país. As empresas são "convidadas" a contratar em primeiro lugar malaios, e têm até um limite estabelecido de pessoas estrangeiras que podem contratar.

Rodeada de arranha céus, cheguei a Singapura por terra, vinda directamente da Malásia, especificamente de Malaca. Passamos a fronteira da Malásia onde me carimbaram o passaporte com o selo de saída e, 10 minutos depois, o autocarro voltou a parar, desta vez para entrar em Singapura. O processo é rápido e muito engraçado porque estamos realmente a sair de um país e a entrar noutro, com 2 paragens!
Lembro-me bem da primeira piada que ouvi no país, e veio do segurança do aeroporto!
- "Pepper spray?" ao que respondi "No" - "Travelling alone?" ao que respondi "Yes", levando com um sorriso no final da resposta dele "You should!".
Sei que em qualquer um dos países anteriores aquilo me tinha soado mesmo mal, mas ali, já recebi com boa energia. É muito diferente a forma como interpretamos a comunicação da outra pessoa mediante o nosso conceito do lugar onde estamos.
Depois de me instalar no hostel decidi ir dar uma volta pela cidade, a volta do reconhecimento de território como lhe chamo. Sempre que tenho tempo suficiente gosto de andar mais sem destino, apenas para perceber como as coisas funcionam por ali. Mal de mim, 2h depois estava a voltar para casa. Uma alergia que se foi agravando nos últimos dias já não me permitia caminhar e ignorar a comichão das imensas borbulhinhas que tinha nas pernas.
Primeira solução, ligar à mana que, como enfermeira, tenho sempre a esperança que resolva todos os meus problemas de saúde. (Como irmã tenho esperança que resolva todos os meus problemas. Ponto. ;b)
Depois de chegarmos à conclusão que era melhor ser vista por um médico, tentei o primeiro. O Hostel recomendou-me uma clínica no Shopping de Singapura e, já preparada para pagar 3 dígitos, lá fui apressada para o local, que fechava dali a 1h.
Lição número 1 quando viajas: Nunca andes a correr! Espera, pensa, avalia e só depois decide.
Lá fui eu pela primeira vez andar nos comboios de Singapura para ir ao médico. Compro o bilhete, entro. Não percebo onde tenho de ir, volto a sair. Ah já percebi, tento voltar a entrar, o bilhete já não é válido! Ups!
Com a pressa nem percebi que podia carregar o bilhete em vez de comprar outro. Cada vez melhor Mariana!
Lá cheguei ao sítio 30 minutos depois, ainda a tempo do horário da clínica. E no elevador até ao 7º piso começo a ler o papelinho que me tinham dado no hostel com o nome da clínica, "Aesthetics Clinic".
Hmm, não estou a ver isto a correr bem.
Tal e qual. Chego lá e era apenas uma clínica de estética, ou seja, no máximo podiam aconselhar-me depilação a laser ou uma cirurgia plástica! Boa tentativa!
Regressei ao Hostel, não sei como mas mantive a calma e não estrangulei a recepcionista que me mandou para uma clínica de estética quando eu precisava de um dermatologista. Estou mesmo a ficar mais paciente. Momento de calma, pensar no que fazer. Enviar uns emails a marcar consulta para o dia seguinte e ir jantar! Perguntei à Kim, uma rapariga que tinha chegado no mesmo dia que eu e fomos as duas jantar, ali pela Little India, o local onde estávamos a dormir.
No dia seguinte acordei às 9h já com um email com consulta marcada para as 11h num centro médico ali perto! Felizmente correu tudo bem, uma pomada e uns comprimidos resolveram o problema! Desde que comecei a minha pesquisa para esta viagem que li em todos os blogs "Faça seu seguro de viajem!". Façam! É realmente IMPRESCINDÍVEL e de certeza que vais precisar dele em alguma situação!

Os 2 dias que se seguiram em Singapura foram recheados de passeios pela cidade partilhados com a Kim. As atracções são mais caras que em qualquer capital europeia, é importante escolher bem o que vale ou não a pena.
Gosto sempre que os sítios por onde passo me surpreendam de alguma forma e aqui, houve um único sítio que conseguiu deixar-me de queixo caído. Os Garden By the Bay são os famosos jardins de Singapura, junto à piscina infinita. Se de dia é já de ficar de boca aberta, de noite, com toda a iluminação aliada ao tamanho daquelas "árvores eléctricas", sentimo-nos realmente dentro do filme Avatar, como alguém por ali me descreveu.
Singapura vale a pena a visita sim, uma cidade extremamente organizada, onde parece que tudo foi pensado até ao último minuto. Onde mesmo assim se encontram culturas diferentes comendo uma Dosa pela Little India e vendo os balões vermelhos da Chinatown!
Deixo-vos com O meu Roteiro por Singapura
Vê aqui o meu mapa ou clica na imagem abaixo.
Transporte: usa o MRT para todo o lado. É muito fácil e leva-te onde quiseres. Um cartão apenas dá para carregar 6 viagens. Mapa aqui.
O aeroporto tem metro no interior, o acesso é bastante fácil e é a melhor forma para chegar à cidade ou vice-versa. Atenção que tens de ir até à estação de Tanah Merah primeiro e só aí apanhar o metro para o aeroporto.
Estadia: Clifden Hostel, Little India
Sítios a visitar: * Little India - podes encontrar Free Tours nos folhetos turísticos * Chinatown- podes encontrar Free Tours nos folhetos turísticos * National Museum of Singapure - 10$ entrada * Fort Canning Park - leva repelente porque está carregado de mosquitos * Botanical Gardens * Fountain of Wealth
* Singapure Flyer - 33$ entrada (não fiz porque pareceu muito baixa comparada com o Sky Park) * Esplanade * Merlion Park * Marina Bay * Clarke Quay * Gardens by the Bay - Entrada livre (atrações específicas mediante pagamento extra) Aconselho a visitar os jardins de dia e de noite. O show de luzes ocorre todos os dias às 19h45 e às 20h45. Recomendo ver debaixo das árvores mesmo ou desde o Sky Park. * Sky Park - 22$ entrada (só é permitido o acesso à piscina por parte dos clientes do hotel agora)
Um rápido How to Travel abaixo:
Viajar de...
MRT sempre. É o transporte mais simples e barato e o que toda a gente por ali utiliza. Para distâncias maiores ou maior comodidade, tens sempre a UBER à disposição.
Comer
A comida é bastante cara comparada com o Sudeste Asiático. Até o Macdonalds é mais caro que na europa. Procurando, podes encontrar sítios mais baratos. Comer nos Gardens By the Bay é uma boa opção. Têm variedade a preços acessíveis e existe um Macdonalds que apesar de mais caro que o habitual, acaba por ficar sempre uma refeição barata. Se gostas de comida indiana ou chinesa, Little India e Chinatown são boas opções.
Beber
Não existe nada típico que seja uma novidade por aqui. Os sumos e batidos de fruta continuam a ser os mais apreciados.
Dormir
Não é um destino fácil para acomodação barata. Acabei por não conseguir manter o meu orçamento de 10 euros por noite mas como a estadia foi curta não houve problema. Em Singapura encontras desde dormitórios em hosteis por toda a cidade a rondar os 12 euros por noite (a melhor zona é Little India) até aos hotéis luxuosos com vista sobre a cidade. O mais cobiçado, o Hotel Marina Bay Sands, por cerca de 900 dólares por noite.
Dinheiro/Cartões
Se estiveres a viajar pelo Sudeste Asiático não te esqueças que aqui o câmbio não vai ser tão fantástico como é habitual. Um euro vale cerca de 1.5 dólares de Singapura, portanto os preços são semelhantes aos nossos e por vezes ainda mais elevados. Não fiz nenhum levantamento no multibanco apesar de estarem disponíveis por toda a cidade. Quando paguei a consulta no centro hospitalar experimentei vários cartões e só o VISA foi aceite.
Segurança
O país é extremamente seguro. Como mulher a viajar sozinha não tive qualquer problema, de dia ou de noite. O local dos backpackers é em Little India, sendo que a comunidade é, como o nome indica, indiana, os homens olham mais e torna-se um pouco desconfortável, mas nunca me senti insegura.
Dicas de Ouro - Google Maps: descarrega o mapa da cidade offline para poderes seguir durante o dia. - Melhor vista da cidade: opta pelo Sky Park junto da piscina infinita. É o ponto mais alto e mais em conta da cidade e se fores pelas 19h45 ou 20h45 ainda podes desfrutar do show de música e luzes nos Gardens By the Bay. - Aeroporto: o aeroporto de Singapura está entre os melhores do mundo, se tiveres um voo muito cedo não vale a pena gastares dinheiro num quarto. Wifi gratuita sempre e muitas lojas e restaurantes para ajudar a passar o tempo.
Deixo-te com o vídeo de alguns dos meus momentos nesta cidade maravilhosa:
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