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MUD SHOW | KUALA LUMPUR


Contar a história de uma cidade náo é algo simples, requer tempo, trabalho, e pode tornar-se extremamente aborrecido para ambos os lados, o contador de histórias e o ouvinte. Não vejo melhor forma de contar a história de uma cidade como Kuala Lumpur do que um espectáculo à sua altura.

MUD é o show que retrata ao vivo, a cores, com direito a música e a fragrâncias a acompanhar, os altos e baixos desta cidade, desde o fogo que consumiu todo o seu território, até à chuva que limpou toda a esperança de construir aqui um lar.

Confesso que comprei o bilhete totalmente devido à minha curiosidade de bailarina, e não esperava ficar deslumbrada. Os bailarinos, cerca de 25, atuam 7 dias por semana, 2 vezes por dia. O espectáculo está no ar há 4 anos e eu tive a sorte de ainda ir a tempo de presenciar esta maravilha, que terminará a 30 de Abril deste ano.

Entrei no auditório e sentei-me na 3ª fila, no meio. Já não via um palco há algum tempo. Analisei com aqueles olhos milimétricos - cerca de 9 metros de largura, 6 de profundidade, tem um palco secundário por baixo do principal que cria mais espaço. De todos os lugares parecia haver uma boa visibilidade para todos os cantos do palco. Não me importava de brilhar por ali. Ahh, que saudades de dançar. Perder o chão no sentido mais maravilhoso da expressão, ser transportada para outro mundo que tão pouca gente parece conhecer. Como gostava que todos pudessem experienciar a sensação de plenitude, liberdade, adrenalina, tudo ao mesmo tempo a tomar conta do nosso corpo e alma! Ahh, suspiro novamente, que saudades de dançar...

O espectáculo começou a horas. Uma voz explicou as regras do auditório e, mesmo antes de desejar um excelente espectáculo a todos os espectadores, deixou uma mensagem "Este é um espetáculo interativo. Espera-se que o público seja participativo e se junte a nós no nosso palco.". Sempre, sempre, sempre que vou ver um espectáculo deste género, acabo em palco. Não foi excepção.

Dança, música ao vivo, coreografias que contam histórias recheadas de movimentos sinuosos que transmitem na perfeição tudo o que está por detrás dos mesmos. Desta vez não levei o meu caderninho de apontamentos onde escrevo "aterragem perfeita, leve e sem qualquer peso". Não, desta vez só desfrutei. Desfrutei da variedade de raças ali presentes. Indianos, Chineses e Malaios. Alguma mistura difícil de identificar para mim. Idades, todas. As bailarinas parecem sempre muito jovens mas diria no minimo 19 anos. O senhor mais velho, senhor sim, uns 50 talvez. Fiquei deliciada. O feeling nunca baixava, todos se entregaram completamente à personagem que vestiam. Não consegui tirar os olhos de nenhum dos quadros.

Quando vieram buscar 3 espetadores, lá subi àquele palco maravilhoso. Muita animação, diversão, uma entrega total mesmo connosco. É tão diferente trabalhar naquilo que amamos de coração. Deixei-me envolver em cada cenário daquele espectáculo. Abordagens fascinantes e ideias mais que creativas para deixar o público totalmente submerso naquela história tão real. Estivemos, literalmente, debaixo das cheias que deixaram a cidade vazia quando um lenço gigantesco foi puxado desde o palco e cobriu todo o público até ao final do auditório. Que sensação!

No final, deixei o meu comentário de quão maravilhada fiquei. E, com a minha gigantesca sorte, conheci o Maurício, brasileiro, cujo amigo Andro com quem tinha ido ver o show namora com a Sally, uma das bailarinas do show. Ele é francês a viver na Malásia, ela é malaia a viver em França - ups! Claro está, passamos as restantes horas a beber umas cervejas na baixa de Kuala Lumpur enquanto discutíamos o mundo da dança worldwide. Fiquei a saber muito sobre a Malásia, coisas que como turista comum nunca me passariam pela cabeça.

Começo a aprender que quando acordamos nunca imaginamos como vai terminar o dia. E o meu não podia ter terminado melhor !


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